terça-feira, 2 de novembro de 2010

O alho negro em nossa mesa

Entre os prazeres da vida está a descoberta de novos sabores. Um toque de tempero, um novo ingrediente e aquela sensação de novo a invadir as papilas gustativas. E quando se imagina não mais ser possível se surpreender, um inédito registro de paladar acontece.
Foi assim com o alho negro, que chegou ao Brasil no ano passado (para o consumo em outras esferas além de tradicionais famílias japonesas e coreanas) e tornou-se assunto obrigatório nas conversas de chefs em todas as redes sociais. Afinal de contas, tinha sido venerado pelo ícone Ferran Adrià, o espanhol que revolucionou a cozinha dos últimos tempos.
É claro que eu não iria ficar de fora, curioso e metido que sou. Embora a produção da Marisa Ono seja limitada e os pedidos estejam aumentando a cada instante, consegui convencê-la da extrema necessidade que eu tinha de experimentar, para poder compartilhar opiniões com tantos outros felizardos que já haviam tido a oportunidade de degustar a novidade.
Dia desses o pacote chegou, trazendo junto a grande expectativa pelo que representaria nosso primeiro contato. Experimentei já de pronto, puro, sem nada, aquele dentão negro e reluzente, que em nada traz do sabor do alho comum. É quase doce, com aromas de tamarindo, rapadura ou aceto balsâmico. E com um sabor que se aproxima muito de um doce que minha avó fazia em meus tempos de infância, de laranja com banana e que costumávamos chamar de "doce martelo" (tão duro era que para cortar às vezes era necessário martelar uma faca sobre ele para tentar abrir a fenda). Para quem não teve o privilégio de comer tal doce, ameixa preta pode ser uma referência.
Enquanto pensávamos por aqui em como usá-lo, nos permitimos um improviso, pois estávamos justamente começando a preparar um jantar quando o tal pacote chegou. Haveria antes uma saladinha de folhas com um molho rápido de cogumelos paris refogados no azeite, com um toque de balsâmico. Não tivemos dúvidas: cortamos algumas lascas de alho negro e complementamos o prato. Na mosca.
Salada de folhas com cogumelhos salteados e lascas de alho negro.

No outro dia a vez de elaborar um prato principal. Coincidentemente, duas revistas de gastronomia, Gula e Menu, chegavam às bancas com matérias especiais sobre Marisa Ono e seu alho negro. E com receitas de Carlos Bertolazzi, do Zena Café, diretamente responsável pelo incentivo ao início da produção brasileira. Veja aqui.
Escolhemos uma delas, o Spaghetti alla carbonero, uma pequena variação do tradicional carbonara, com a inclusão dos dentes de alho negro amassados na combinação do molho. Tomo a liberdade de transcrever aqui a receita, que ficou delicada e deliciosa.

Fettuccine alla carbonero

Spaghetti alla carbonero 

Ingredientes:

150 g de bacon (preferi usar pancetta, como nas originais carbonaras)
2 colheres (sopa) de azeite extravirgem
100 g de queijo pecorino (ou parmesão)
Pimenta preta moída na hora
6 dentes de alho negro
1 ovo
4 gemas
½ maço de salsinha
350 g de spaghetti (tínhamos fettuccine, então...)

Modo de fazer

Cortar o bacon em cubos e dourar lentamente em uma frigideira com o azeite.
Em um bowl, colocar as gemas, o ovo e os dentes de alho negro.
Amassar bem os dentes e acrescentar o queijo, mexendo tudo para que fique bem homogêneo.
Cozinhar a massa em água bem salgada. Escorrer e colocar diretamente no bowl, juntamente com o bacon, misturando rápido para que o calor derreja o queijo e cubra toda a massa.
Temperar com a pimenta moída.
Polvilhar a salsinha picada e servir imediatamente.

Rendimento: 4 porções.

Um comentário:

  1. Apostila Como Produzir Alho Negro:
    fazendo.alhonegro@gmail.com

    Dá pra fazer em casa para próprio consumo, ou para vendas.

    Entre em contato para saber como adquirir o material.

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