terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um haddock especial de domingo


Gostei de haddock desde sempre. Acho que me lembro ainda da primeira vez, num jantar de Natal em família e veio aquele prato cremoso, dourado pelo gratinado e completar os tons avermelhados do defumado. Mas eram tempos mais difíceis por aqui e comprar haddock em Curitiba exigia um planejamento quase militar. Só tinha uma casa que vendia, a extinta Sulina, no Mercado Municipal (que também vendia cogumelos de paris frescos mediante encomenda, veja só como era). Não era todo dia que tinha, mas pedindo com certa antecedência até que era possível. O casal de proprietários, ambos muito atenciosos, na dúvida do cliente oferecia receitas e algumas delas refaço até hoje.
Andamos um tempo longe, mas dia desses veio a lembrança e, com ela, a vontade. Encontrei uns nacos bonitos na Salutare, no MM. Com a vantagem de poder levar o peso que quiser, sem aquela ditadura de venderem apenas a peça inteira – o que é um desastre para uma mesa invariavelmente para dois, como a nossa de casa. Pronto, seria nosso almoço de domingo (um domingo de folga, finalmente, o primeiro do ano).
Mas não pretendíamos fazer o mesmo de sempre, pesquisamos variações. Havia um com purê de aipo e coulis de jabuticaba, mas não mexeu com a inspiração (e nem é época de jabuticaba mesmo, embora de vez em quando se encontre por aí). Outra opção seria com açafrão e amêndoas, que ficou como segunda opção, para uma próxima vez. Ou da vez, caso não encontrássemos dill (endro ou aneto, como se diz por aí?). Uma ligação para a banca do Yamazaki, do MM, resolveu tudo. Tem dill? Tem um maço. É o que basta, reserve que estou chegando. E aí chegamos ao interessante prato domingueiro, que até manteve a combinação haddock/creme de leite, mas quebrando com o irresistível e inconfundível sabor das folhinhas de dill. Mexi em algumas medidas dos ingredientes do molho, parecia para um batalhão.
Na hora de escolher o vinho pedi ajuda para o Valdo da Queijos & Vinhos. O que poderia dar certo com o sabor acentuado do defumado, com a gordura do creme de leite e com o toque amargo final do dill? Um chardonnay poderia desaparecer, um sauvignon Blanc de mais presença, talvez. E por que não um rosé? Foi a opção, Le Rosé de Floridene, um bordeaux Dubourdieu 2006. Na mosca. E aí o domingo passou tranquilo, como de há muito não acontecia.
Haddock com molho cremoso de dill

Ingredientes:

700 g de filé de haddock
1 litro de leite
100 g de alho-poró em pedaços
100 g de salsão em pedaços
100 g de cebola em pedaços
250 ml de creme de leite fresco
1 maço (50 g) de dill fresco picado
50 g de manteiga
Sal e pimenta-do-reino (moída na hora, de preferência)

Modo de fazer:

Cozinhar o haddock no leite por aproximadamente 10 minutos, até ficar macio, mas sem quebrar. Reservar o leite do cozimento.
Dourar levemente a cebola na manteiga, juntar o salsão e o alho-poró e refogar por alguns instantes. Adicionar o leite do cozimento do haddock e deixar ferver em fogo baixo por aproximadamente 5 minutos.
Bater no liquidificador, peneirar e voltar ao fogo. Acrescentar o creme de leite, o dill, sal e pimenta-do-reino e deixar engrossar. Juntar o haddock e cozinhar em fogo baixo até ferver.
Servir o haddock com o molho de dill acompanhado de batatas sautées.

Rendimento: 2 porções.
 

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