Anacreon de Téos
 |
Linguado enrolado em folha de couve, recheado com farofa de camarão sobre purê de banana-da-terra. |
Estava devendo algumas receitas aqui, já tinha gente
cobrando. Acho que às vezes não tenho consciência do número cada vez
maior de pessoas interessadas em cozinhar, em experimentar novas
técnicas, em aprimorar algumas antigas. E de comer bem, claro que sim.
Cardápio
é o que não falta, pois nosso “laboratório gastronômico” continua em
franca produção e há alguns bons temas acumulados por aqui. O que não
havia mesmo era tempo para uma postagem dessas, com todas as explicações
devidas e também pelos cuidados em publicar as receitas ao alcance de
qualquer mortal que se aventure no fogão.
Isso sem contar as
interessantes publicações com assuntos do meio, com lançamentos,
degustações, harmonizações, visitas de chefs, novos cardápios e mais um
bom número de informações sempre saborosas, que não poderiam ser
desprezadas.
Dito isso, vamos ao que interessa.
Fizemos por aqui um cardápio de Dia dos Pais que ficou bem interessante.
No jantar de sábado, pois o domingo todo foi de trabalho. Com base em
frutos do mar, em dois pratos recheados e partindo para um visual bem
próximo – e isso foi de propósito, não coincidência.
Começamos
por uma receita de lulas recheadas que já havíamos feito aqui, mas
partimos para algumas pequenas alterações. No original, previa apenas
cogumelos shimeji como recheio. E os tentáculos das lulas, se fosse o
caso. Demos azar na peixaria e não encontramos lulas inteiras, apenas os
canudos. E a ideia, então, foi acrescentar alguns minúsculos camarões
(costumo brincar serem aqueles de empadinha) aos cogumelos, já que
teríamos mesmo de comprá-los para o prato principal. O toque de wasabi
nas paredes internas da lula dá um sabor incrível!
Veio também a
inspiração de um molho, para fazer a base do prato. Havia dois potes de
ovas (de capelin e de peixe-lapa) na geladeira, abertos dias atrás. E
como o prazo de validade deles é bem pequeno, surgiu um molho básico de
tomates, com um toque de creme de leite e um mínimo dos dois tipos de
ovas. Ficou bem interessante, embora a cor acinzentada não chamasse
muito a atenção.
Para o prato principal, uma inspiração na chef Morena Leite, do restaurante
Capim Santo
(Trancoso e São Paulo). Ela faz um badejo enrolado em folhas de couve,
com recheio de camarões, acompanhado de um purê de banana-da-terra que
não é para qualquer um. Seguimos a ideia, mas tivemos de trocar o peixe,
pois, dos disponíveis, o que mais se adequava era o linguado, que se
deu mesmo super bem.
Esta execução exige um pouco mais de trabalho, mas nada inalcançável. E o resultado é excelente.
A
sobremesa já era um namoro antigo e a receita estava por aqui,
arquivada, aguardando apenas a chance de ser apreciada. Era uma Gelatina
di grappa, do
Restaurante Piselli
(São Paulo), que é acompanhada de uma calda de uvas itália. Para meu
gosto e para o visual desejado, achei que as uvas cozinharam um pouco
demais (corrigirei na próxima), pois ainda me enrosco nessa coisa de
pontos de calda. Mas nada que afetasse o sabor. E a gelatina, então,
estava sublime.
Pois foi assim. Abrimos um perfumado Sauvignon Blanc e tivemos um saboroso jantar de Dia dos Pais.
Para pegar as receitas, mais ilustrações e outras dicas dos pratos de hoje, clique aqui.