domingo, 30 de janeiro de 2011

Há vida pós Celso Freire

Pernil de cordeiro assado com pappardelle ao molho do próprio assado.
Curiosidade inevitável. Como estaria o Guega sem o chef Celso Freire? Aliás, nem mais Guega é, agora se chama Trattoria Boulevard (uma referência ao antigo nome da casa, Boulevard, com o sotaque italiano adotado após a transformação em Guega pelo restauranteur Andersen Prado, que segue à frente da casa). Mas, seja lá como for, é a continuidade daquilo que já representou tudo o de melhor do mais importante dentre os grandes cozinheiros paranaenses.
A primeira impressão ao chegar é a de poder encontrar Freire circulando por ali, entre as mesas, como costumava fazer. Mas agora ele está fora (veja aqui) e não disponível para aquele abraço afetuoso. E então, voltando à realidade e a curiosidade inicial: como estará a nova casa sem ele?
Muito bem, já devo adiantar. Claro que o movimento caiu, não havia (sábado à noite) a lotação completa que se acostumava a ver na casa. Mas quem foi não se arrependeu. E a explicação é simples. Toda a equipe que trabalhava com o chef permanece, executando os mesmos pratos que vinham preparando nesse ano e meio de transformação do conceito do restaurante. Alguns pratos – aqueles mais personais, que marcavam diretamente a imagem do ex-titular da cozinha – foram retirados do novo cardápio, mas a essência está inalterada, com a mesma qualidade na execução dos pratos e no atendimento (sempre irrepreensível).
Aqueles petiscos que eram oferecidos em potinhos não existem mais, alguns deles foram incorporados ao couvert, que mantém os pães macios e saborosos. Começamos a noite com a Salada pecorino (folhas variadas, castanha-do-pará em lascas e molho de pera) – R$ 32 -, que sempre esteve entre as minhas preferidas. O contraste do sabor do pecorino (salgado) com o molho de pera (agridoce) completam com perfeição as crocantes e fresquíssimas folhas escolhidas.
Salada pecorino.
O prato principal escolhido é um dos ícones da casa: Pernil de cordeiro assado com pappardelle ao molho do próprio assado – R$ 71 (lembrando que todos os pratos servem duas pessoas). Assado em baixa temperatura, o pernil se desmanchava ao toque do garfo. Tanto é que chegou à mesa sem faca entre os talheres de servir. Para quê, se dava para cortar com a colher?
Chateau Ducru-Beaucaillou 1992, que vinho!
Para acompanhar, um Chateau Ducru-Beaucaillou 1992, daqueles de se pagar todos os pecados e continuar rezando (como é sabido, a adega do restaurante é muito boa).
De sobremesa, com direito a um cálice de sauternes, uma Terrine de pera com bolinho de castanha de caju, novidade para quem invariavelmente ficava nas mesmas escolhas. Veio com um chapeuzinho de açúcar queimado e um raminho de tomilho. E fechou a noite em alto estilo.
Terrine de pera com bolinho de castanha de caju.
A impressão final foi a melhor possível. A de que Celso Freire deixou aos seus seguidores e discípulos o que melhor de faz da gastronomia. E que, de agora em diante, já que ele pretende seguir para novos rumos e novas conquistas (daqui uns dias vamos tentar descobrir o que será), o nicho que cuidou com tanto carinho por duas décadas, mostra ter como sobreviver e alçar vôos solo.
Para o bem de nosso paladar.

3 comentários:

  1. Preferia com purê de batatas! Mas com pappardelle deve ser ótimo!

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  2. Pena que você não se identificou pra gente ter ideia de quem é.

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  3. ainda lembro muito, aqueles sabores y aromas de aquela comida no guega tive a sorte de conoser muitos de os secretos das panelas do celso y foi muito afortunado de estar ali un saludo de un amigo que lembra muito desde chile viña del mar un grande abrazo

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