Mas segui as dicas que o tempo permitiu e especialmente em uma delas fiquei fascinado: Resto Gare. Uma boa comida francesa – Lucky me disse. Boa? Ótima, um dos melhores restaurantes dentre os tantos em que já estive entre os tantos cantos do mundo que já frequentei. Não arriscaria uma classificação direta e fria, mas se forçasse a barra poderia até ousar incluir entre os Top 5. Sem qualquer exagero.
O chef se chama Jamie Snow (claro que sem nenhuma referência ou trocadinho ao branco total lá de fora naqueles -13C que faziam naquela noite) e está mais para a cozinha clássica francesa, embora se permita alguns arroubos em determinados pratos. Estávamos em cinco e exceto por uma pessoa que preferiu ficar apenas no sanduíche (que o cardápio também oferece), todos os demais adoraram tudo o que foi à mesa, prato a prato, da entrada à sobremesa.
Pedimos um Chateau Pesquie Les Terrasses 2008 ($ 35, mas $ 15 na liquor house) (como é barato o vinho francês no Canadá!) e começamos a delirar a cada nova sensação de paladar, com a chegada das entradas.
Escargots casserole. |
Escargot Casserole (escargots salteados com batatas, echalotes, redução de vinho tinto e torradinhas de alho - $ 10), que estava com temperos bem equilibrados, sobressaindo-se o vinho, mas sem sobrepor sabor aos escargots.
Champignon fricassée. |
No Champignon fricassée (Cogumelos salteados com tomilho, vinagrete de alho negro, pão grelhado e queijo parmesão raspado - $ 10) elogios totais à textura e ao sabor dos cogumelos, bem como ao ponto das torradas.
Coquilles Saint Jacques. |
Mas o ponto alto das entradas foram as vieiras. No cardápio, o nome simples e básico: Coquilles Saint Jacques. Mas já conhecíamos as vieiras canadenses, os scallops, imaginamos o melhor. E foi melhor ainda. Pra começar eram vieiras enormes, daquelas que só existem por lá e que devem ser cortadas em quatro para irem à boca. E chegaram gratinadas em queijo gruyère, sobre um chantilly de batatas com trufas negras - $ 12. O marcante e insuperável sabor das trufas estava na medida, o suficiente para se exibir sem atropelar as delicadas vieiras. Inesquecível!
Passamos aos pratos principais.
Filet Mignon. |
Exceto por um Filet Mignon (peça certificada de red angus, de 200g, ao ponto, também sobre um chantilly de batatas com trufas negras, mais molho bordelaise e legumes da época - $ 27) muito saboroso e sem qualquer restrição, os demais presentes pediram o mesmo prato: Bison Manitobain - $ 27. Já estava nos planos desde o Brasil, pois o bisão – aquele boizão barbudo - é o símbolo do estado de Manitoba e da região de Winnipeg e, na mesa, a melhor representação local. Quem pediu não se arrependeu.
Bison Manitobain. |
Eram tenros nacos de short ribs (um corte da costela, sem osso) também com o molho bordelaise em redução de amoras, sobre purê de batatas e aspargos frescos cozidos al dente. A carne lembra muito a bovina, mais a de búfalo, tem um toque ligeiramente adocicado e é saborosíssima. O tempero do chef pode ter contribuído, mas o registro de paladar do bisão certamente já ocupa lugar de destaque em minha memória de agradáveis sabores.
Para sobremesa, uma Maple pie, apresentando outro produto típico do país. E esse ainda mais forte, pois uma folha da árvore de maple é o símbolo oficial do Canadá, com destaque em sua bandeira nacional. O maple syrup é aquela delícia que se derrama sobre as panquecas e os waffles nos cafés matinais (ou em outra hora do dia, conforme o gosto de cada um). A torta de maple foi o fecho ideal para uma noite mágica, como não seria de se esperar da gastronomia canadense.
Emily, a simpática garçonete, nos traz a Maple Pie. |
O Resto Gare fica no bairro francês de Winnipeg, St. Boniface. E foi construído em torno de um vagão de trem (gare, em francês, é estação de trem), muito charmoso, com suas mesinhas arrumadas em ordem de um vagão-restaurante. É de se voltar sempre para nós, que já fomos. E de se ir para quem precisava de um motivo para conhecer Winnipeg.
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