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Salmão defumado com risoto de alho-poró. Tudo feito em casa, tudo delicioso! |
Volta e meia me aparece uma receita de defumado nessas buscas pela net.
Deixo de lado, fazer o quê? Deixava, quero dizer, pois agora me sinto
poderoso também nesse segmento da defumação.
Sim, com um pouco
de exagero (entusiasmo de principiante que passou no teste), mas que já
deu pra sentir o gostinho, isso deu. A primeira defumação ninguém
esquece – deve ter dito alguém. E se ninguém disse, digo eu. É realmente
uma sensação incrível, com aquele agradável cheiro de fumaça no ar e
depois no prato.
Foi assim, vou explicar. Dia desses me avisa a
Carolina Cattani, amiga jornalista, contando de uma demonstração que o
chef Alexandre Bressanelli iria fazer em seu
GoCook
– uma escola de gastronomia bem do seu jeito, sem qualquer compromisso
com a formação de profissionais e sim de ensinar técnicas a cozinheiros
como a gente, que apenas quer sair das coisas do dia a dia.
Tem um defumador que está sendo importando (acho que não estou gerundiando, né?) pela
Confraria Juruá,
que ganha parceria do Bressa para propagação e divulgação. Teve até um
evento de apresentação, ao qual compareci mas não pude ficar além dos
primeiros momentos. O chef arrasou, defumando salmão, kafta e pêssego,
pelo que me lembro. E não poderia ser diferente, pelo talento que tem.
Sei
que permaneceu aquela faísca (sem qualquer trocadilho), alimentada pela
frustração de não ter ficado para ver como tinha sido o resultado
final. O tal defumador pareceu ser bem simples. Praticamente uma caixa
de metal com uma grelha interna, uma tampa e todo acabamento para
impedir que a fumaça escapasse. Definição bem simplória, sei disso. Mas
resume bem o que é.
Aí converso com o Bressa e ele me diz: “quer
experimentar? Leve um e me diga como foi. Daí conversaremos”.
Novidadeiro que sou, aceitei correndo e já fui buscar em seguida. E
cheguei em casa com aquela caixa de metal, meio desengonçada para se
guardar em qualquer lugar.
E decidi começar pelo básico: Salmão
defumado. O kit é bem interessante, traz dois potinhos com serragem de
carvalho norte-americano (oak, para os íntimos) e pode ser reabastecido
pelos fornecedores, conforme me garantiram. Inclusive com a promessa de
variação de serragens, de maçã a noz-pecã, mais de dez sabores
(sabores?).
Animadíssimo, fui ao Mercado Municipal e por lá
espalhei entre todos os amigos que encontrei: vou defumar um salmão.
Curiosidade geral – como se eu também não estivesse curioso. Já estava
decidido que seria o prato principal da noite, daí foi só escolher o que
mais comporia o cardápio.
Encontrei umas lulas frescas, de
Guaratuba, ainda bem pequenas por se tratar de início de temporada.
Imaginei que poderiam ser recheadas e grelhadas, servidas como entrada.
Muito fácil de fazer. O peixeiro limpa e separa os tentáculos dos tubos
das lulas. Reserve o tubo, pique os tentáculos e junte com alguns
temperos para refogar. Decidi pôr cogumelos shimeji e a sobra de nirá de
um prato de dia desses (nirá é aquele matinho que japonês consome
muito, que parece uma cebolinha verde chata e tem um leve gosto de
alho). Refoguei a cebola no azeite, juntei o shimeji e depois os picados
de lula com o nirá. Coisa rápida, alguns poucos minutos e pronto. Então
foi só rechear os tubos, fechar a ponta com um palito e levar pra
grelha. Também por pouco tempo, apenas virando quando pegava a marca.
Entrada pronta.
Para o salmão bastou apenas seguir as instruções
do manual. Serragem no fundo, uma bandeja por cima, uma grelha, o salmão
em pedaços, com alguns pingos de limão. Tampa fechada sobre chama média
do fogão por 25 minutos. No começo escapou uma fumacinha, mas depois a
coisa se controlou.
Enquanto o salmão ficava pronto, o
acompanhamento. Cebola picada refogando no azeite. Em seguida, alho-poró
em rodelinhas. Uma leve tostada no arroz arbóreo, o vinho branco para
evaporar e daí, aos poucos, as conchas de caldo de legumes. Quando o
arroz estiver quase al dente, uma ou duas colheres de creme de leite, um
bom queijo ralado e pronto. Fogo desligado, panela tampada e o descanso
de alguns minutos. Ah, sim, isso é um Risoto cremoso de alho-poró.
E foi só servir. Lulas primeiro, salmão defumado com risoto depois. O salmão ficou bem macio, praticamente se desmanchando.
Mas
teve um truque final. Saiu meio pálido do defumador. Saboroso, mas
pálido. Nada que um maçarico não resolvesse. E todos ficaram felizes e
satisfeitos.
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