sábado, 5 de janeiro de 2013

E que tal fazer lagosta em casa?

Lagosta ao molho trufado de vinho branco. Para fazer e saborear em casa.
Quem me chamou para o tema foi um leitor, Afonso José, em carinhoso e (exageradamente) elogioso e-mail. Disse ter relutado umas duas vezes, em publicações anteriores, mas finalmente resolveu escrever, por sentir-se todo “tomado de desejos” quando lê algumas postagens sobre lagostas. Que disse só ter experimentado uma vez na vida, em um casamento, e que estava “fria e borrachuda”.
Imagino como deve ter sido. Culpa desses buffets, perigosíssimos para alguns frutos do mar, que exigem cozimento rápido e nada mais que isso. Não é desagradável aquele strogonoff de camarão com o bichinho se desmanchando de tão cozido? Tanto quanto as lulas chicletudas de alguns risotos ou afins que estes eventos costumam servir.
Bem, mas este não é o nosso caso. Afonso me diz, então, que parece digerir cada texto que escrevo sobre lagostas preparadas em casa (nos últimos tempos foram pelo menos quatro: este, este, este e este) e que vai tentar encarar o fogão, por ver assim a única chance de poder consumir esse crustáceo tão desejado quanto caro – pelo menos em restaurantes, que realmente jogam o preço lá em cima, por conta de todo o glamour que cerca o prato.
Pois vou te contar, Afonso, que uma das razões que me levou a aprender a cozinhar foi exatamente o desejo de comer lagosta, também completamente fora de meu orçamento. Sempre gostei de comer bem e de tudo e não tinha saldo bancário suficiente para sair experimentando de restaurante em restaurante. Comparando preços, notei a grande diferença entre o produto in natura e aquele acabado, pronto, servido no prato.
Comecei com camarões e com o valor que gastava em um quilo (dos médios) para fazer em casa e servir para quatro ou cinco, conforme o molho, mal conseguia pagar um prato individual em restaurante. E até hoje é assim, pode comparar. Traduzindo, ficava quatro ou cinco vezes mais barato fazer em casa, mesmo à custa de alguns erros no começo – que não abalaram a decidida trajetória de um candidato a cozinheiro.
Com o tempo cheguei à lagosta e já tive a oportunidade de experimentar várias técnicas, como cozinhar desde a água fria até dar fervura, mergulhar já na água fervente por alguns minutos ou grelhar direto com a carne ainda na couraça. O único ponto em comum: cozinhar apenas por alguns poucos minutos.
E assim, com vontade e inspiração, é possível termos lagosta em nosso cardápio doméstico. Para pessoas próximas, convidados ou até mesmo para uma refeição individual, como a última que fiz no solitário domingo com todos viajando. Passei na peixaria e fiz minha pergunta de praxe: “o que devo almoçar (ou jantar) hoje?” Chegaram umas sapateiras fresquíssimas, pescadas hoje, fomos lá buscar – foi a resposta. Ah, sim, lagosta sapateira é típica do litoral brasileiro, tem as antenas mais curtas que a prima mais famosa, mas a carne da cauda é tão saborosa quanto.
Pedi uma só, para surpresa dos peixeiros (ela é bem menor que a outra). Era só para mim mesmo e a cauda tem carne suficiente para o preparo que de momento imaginei. Quanto custou? R$ 30. Mais uma coisinha para os complementos e o custo total do prato não ficou muito acima disso. Arrisco dizer: abaixo dos R$ 40. Mesmo com o toque de manteiga com trufas de um vidro que já tinha aberto na geladeira.
Achei a sugestão numa dessas fuçadas por aí, na internet, no blog Rango Chique, da Ivone Santiago. Praticamente fiz a receita do jeito que ela sugeriu, trocando apenas o acompanhamento. Em vez das cebolas carameladas e purê de batatas, preferi uma massa, aproveitando o molho da própria lagosta. Um bom vinho branco de acompanhamento e o domingo passou em alto astral, compensando a solidão pelos apurados sabores.
Acho que o Afonso poderia pensar seriamente no caso. Ele e você também, que está lendo esse post agora. Vamos encarar a receita?

Para a receita e mais detalhes, clique no endereço do blog lá no site da Gazeta do Povo, aqui.

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